As 4h da matina a van passou no hostel para nos apanhar. Só
brasileiro lá dentro. E ainda faltava pegar um casal. Adivinha de onde? Porém,
o motorista estava meio indignado, eis que ele já tinha passado lá e o tal casal não tinha acordado em
tempo e ele não queria voltar para pegá-los, mas pelo rádio alguém o obrigava a fazê-lo. Já na saída da cidade voltamos ao hotel dos folgados e eles ainda
assim não acordaram, o que motivou o motorista a excomungar a brasileirada
toda: "brasileiro é folgado mesmo, cabrones,
etc...". Indignação na van. Um paulista que tava na frente rebelou-se e
até o pacato Marcinho - parcialmente livre do 'soroche'...rs - soltou um "Ô chileno, nós
é que pagamos o seu salário!"... kkkkk.
Deixamos o tal casal pra trás e seguimos para os Gêiseres
del Tatio, a 1h30min dali, novamente a mais de 4 mil metros de altitude. Frio
danado, perto de zero grau. Outro brasileiro - além do Marcinho, é claro... rsrs
- passou mal no caminho.
As agências de turismo de
SPA são muito mal preparadas. Ninguém avisa nada! Se você tem que levar muita roupa de frio, água, comida, se é melhor ir de tênis ou chinelo, que tipo de condições vai enfrentar... Ao entrar na
van e ver o motorista com touca, bota, luva e um casaco de dar medo, eu, com
uma calça de tectel e meia no tornozelo pensei: "Fu***! Vou
congelar...". Tinha turista brasileiro lá se lascando de frio pois tinha ido de bermuda, já que não foi avisado de nada na hora de fechar o pacote. Por conta do frio, Marcinho e Ilo viram os gêiseres rapidinho e voltaram
pra van...rsrs
Os tais gêiseres (ou campos geotérmicos) são muito
interessantes. Fedorentos, mas interessantes. O fenômeno 'dos buracos cuspirem
água fervendo' só ocorre na hora mais fria do dia, por isso temos que estar lá
antes do nascer do sol, quando a temperatura interna do lençol freático
aquecido difere mais da externa (do ar) e causa a 'expulsão' da água. Parece
aqueles gêiseres que vemos no desenho do pica pau, só que não jorram água tão
alto. rs. Curioso é que por causa da altitude a água lá ferve a 80 graus e não
a 100 como no nível do mar.
Depois que o sol nasce fica mais tranquilo. Algo como 5
graus positivos. O motorista (já mais 'amável') monta ao lado da van um café da
manhã 'meio mandrake', incluso no pacote. Nem ele gostou do que levou,
tanto que foi tomar café em outra van...rsrs. Na minha opinião só o leite
quente com chocolate e o chá de coca salvaram. Tá bão, viemos ver os gêiseres e
não tomar café...
De lá rumamos para uma piscina aquecida formada pelos
riachos que escorrem dos gêiseres, na qual nenhum de nós animou entrar... O
quê? 5 graus e nós dentro d'água? Na hora de sair ia ser dureza, principalmente
por que - novamente - ninguém da agência nos avisou que tinha que levar
toalha.
Da tal piscina paramos num vilarejo no meio do nada onde
moram 40 pessoas (só 7 fixos), onde comemos espetinho e um 'pastel de vento'
tradicional por lá; depois por uma 'plantação' de cactus, onde,
devido a deplorável situação de nosso amigo Marcio Giro (de novo por conta da
altitude), achamos um cacto que com ele fez par...kkkkkkk. Nas fotos explico melhor.
Voltamos para San Pedro a tempo de almoçar (de novo no hostel) e dar uma cochilada. Tentei atualizar o blog, sem chance por causa da cidade cheia e internet congestionada.
As 16h saímos noutra van para
o Valle de la Luna e Valle de la Muerte. Cavernas, paredões enormes, dunas, vales gigantescos,
etc... Tudo extremamente árido, sem nenhuma planta ou animal à vista. Realmente
pode ser comparado com o que – hollywood – nos mostra ser a lua. Dessa vez o
guia era um alemão figuraça (esqueci de contar que o guia do primeiro dia era
italiano), uma cara ainda novo, que rodava pelo mundo desde os 15 anos sem fincar
o pé em canto nenhum. Inclusive passou pelo Brasil e falava um portunhol meia
boca. De San Pedro iria continuar rodando pela América do Sul, curiosamente
trabalhando como guia turístico de lugares que nunca esteve antes...
Vimos o último por do
sol de 2013 num lugar espetacular! Sobre um paredão de pedra com vista para um
Vale enorme. Algumas pessoas cantavam, outras se abraçavam... Bacana demais.
Porém, no deserto a regra é clara: some o sol vem o frio. Bora pra van pois o
vento já estava ventando gelado.
Reveillon em San
Pedro de Atacama: chegamos no hostel com noite alta, tomamos banho e fomos pra
rua. Já eram mais de 22h. Alguns brasileiros tinham nos dado a dica de reservar
um restaurante para a virada de ano, eis que mesmo nesse dia lá não
tem nada na rua (lembrem-se que sequer é permitido beber fora dos restaurantes).
Preferimos arriscar não reservar e ‘dançamos’. Rodamos, rodamos, e nada... Na ‘calle’
Caracoles tudo lotado. Só conseguimos a última mesa de um restaurante longe
do ‘centro’, que tinha um cardápio bem limitado (pelo qual cobrava
o valor fixo de 25 mil pesos), cerveja quente, atendimento ruim e me pareceu mais frequentado
pelo pessoal local.
Acabou sendo bom, comemoramos a virada e confraternizamos
com o povo de lá, e pouco depois de meia noite fomos dormir pois estávamos na
ativa desde as 3h30min da matina e no dia seguinte, feriado mundial, voltaríamos
as motos e à estrada.
Chegando de madrugada nos Gêiseres del Tatio
5 graus (bem depois que o sol nasceu...), e chá de coca pra esquentar
A tal piscina quente que não animamos entrar...
Marcinho 'derrubado', mascando folha de coca (não adiantou nada...)
'Hojas de coca'
Ilo marcando território com o adesivo do Motoclube Navegantes
Sem comentários...rsrs
'Boquinha' na tal vila de 40 moradores
Churrasquinho de que? O camarada jurou que era de boi...
Lhama do rebanho local cruzando a pista
Cacto gigante: 9 metros
Esse aí representou bem o estado físico de nosso amigo Marcinho acima dos 4 mil metros...rsrs
Entrada do parque Vale da Lua
O guia alemão, que pra facilitar a vida dos atacameños mudou seu impronunciável nome para Gastón
Vale da Morte: ninguém crê no vento desse lugar
Último por do sol de 2013
Virada de ano no único restaurante em que achamos mesa
Autorização obrigatória na porta dos estabelecimentos que vendem bebida alcoólica
Conta com 10% de 'propina' inclusa: a gorjeta de lá
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