terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Décimo dia (03/01): Los Vilos/CHI X San Luis/ARG (717,8 km)

De Los Vilos partimos rumo a Argentina, via Paso de los Libertadores. Não saímos muito cedo, esperando o sol esquentar...rs. A paisagem que já não era tão árida, mudou bastante quando nos aproximamos de Los Andes e da região metropolitana de Santiago, onde nos despedimos da Rota 5 (que atravessa a Capital e vai até o sul do Chile) e pegamos a Rota 60. Novamente atravessaríamos a Cordilheira dos Andes, subindo os famosos caracoles, estrada movimentadíssima por ser uma das maiores - senão a maior - rota de carga e turismo entre os dois países. De um lado Santiago, Los Andes, Viña del Mar; do outro a famosa Mendoza e suas vinícolas, através da Rota 7 que segue até Buenos Aires, com entroncamentos no caminho que levam ao Paraguai e Brasil.

Mesmo não tendo visitado a capital ou Viña del Mar (onde nos disseram que ferraris e lemborguinis são vistas em pencas), é fácil perceber que no entorno de Santiago é que corre a grana chilena... Em Los Andes grandes fazendas, haras, mansões e carrões, etc. Bem diferente da região nortina

Nesse trecho fomos parados por dois Carabineros Chilenos (polícia local) que, com um radar móvel, me flagraram a 141 km/h onde o limite era 110. Muito diferente da polícia 'hermana', bastou uma conversa e a promessa que dali em diante tomaria mais cuidado (que foi um descuido, que aquilo não se repetiria) para os guardas, muito educados, nos liberarem sem multa e sem pedir propina... 

Rumamos para o Paso de Los Libertadores (ou Cristo Redentor), nome dado a essa importante fronteira entre Argentina e Chile. Nova 'subida de serra' e outra vez altitude por volta dos 4 mil metros. Felizmente essa aduana também é unificada (como o Paso de Jama), ou seja, os trâmites de ambos países são feitos no mesmo local. 

O visual do Paso é de tirar o fôlego: picos nevados, cachoeiras formadas pelo degelo descendo as montanhas, rios, túneis e curvas intermináveis, etc... Até condor planando sob nossas cabeças tinha. Demos muita sorte pois pouco antes dos caracoles o trânsito estava parado para aguardar alguns enormes caminhões descerem (eles tinham que fazer as curvas usando toda a pista). Como bons 'motoboys', nos esgueiramos pelo acostamento até alcançarmos a pole position da enorme fila...rs. Dada a largada, subimos os caracoles só com uma camionete a frente. Porém, tudo tem seu preço: devido ao medo de ser ultrapassado por aquela tropa toda e pegar uma fila gigante na aduana, não paramos para muitas fotos. Temos mais filmagens dessa parte. 

Mesmo saindo na frente, na aduana havia fila. Nada demais, e lá o destaque ficou pro nosso amigo Márcio Giro...rs. Como o Chile não faz parte do Mercosul, entrar lá de carro ou moto é mais burocrático, necessitando além do documento de identidade (no nosso caso passaportes) preencher outros dois papéis (em duas vias cada um) que legalizam a entrada e permanência da pessoa e do veículo no país. Fizemos isso no Paso de Jama e as nossas vias desses documentos devem ser guardadas e reapresentadas na saída do território chileno, exatamente onde estávamos, no Paso de Los Libertadores.

Chegando nossa vez, todos com os papéis na mão, menos Marcinho... 

"Cadê seus papéis?"
"Sei não. Acho que joguei tudo fora em San Pedro."
"Puts..."
"Tem erro não, aqui é igual na Argentina, só precisa de passaporte! Ninguém me prende não, aqui é cobra coral, tá tudo dominado!..."
"Uai, então tá..."

Chega a vez dele, o policial chileno pede a papelada e Marcinho começa a gaguejar num portunhol que mais parecia aquele italiano das novelas da globo...rsrsrsrs... "Io non sei cadê non... É que io passei male na altitude, non lembro de nada, fiquei malzón...". O policial - sem entender nada - só exigia os papéis e Marcinho suava enquanto revirava o baú da moto tirando mapa, recibo de cartão de crédito, lenço umedecido, notas emboladas de peso chileno junto com argentino, dólar, real, etc... kkkkkkkkkkk

Por fim Serginho foi lá servir de tecla SAP e o guarda informou que ele tinha que preencher os papéis todos de novo pra poder dar saída do Chile... No final tudo deu certo.

Já em solo argentino passamos pela entrada do Parque do Aconcágua, onde um motociclista brasileiro que encontramos em roteiro inverso disse que não valia a pena entrar, pois a visão da estrada era a mesma do 'mirador' que tem lá dentro. Portanto, seriam 20 pesos argentinos desperdiçados por cada um de nós. Na verdade ingressar no parque era mais para aqueles que tinham a pretensão de escalar a famigerada montanha.

 Na Argentina, precisávamos de novo cambiar pesos locais. No primeiro posto 'queimamos' o que restava de pesos chilenos (perto das fronteiras é comum aceitarem dinheiro de ambos países) e para não perder tempo procurando casa de câmbio (nem sabemos se havia por ali...) trocamos dólares por pesos na proporção de 1 por 8. Na verdade, o normal era 1 por 10, mas ali quem regulava o câmbio era o frentista...

Passamos por Mendoza - capital argentina dos vinhos - e seguimos para San Luis, cidade estruturada, capital da província homônima. Já escuro, estacionados enquanto nos orientávamos à caça de um hotel, parou um motociclista local numa Kawasaki Versis para nos oferecer ajuda. Moto é bom por isso: não importa onde esteja, sempre há outro motociclista disposto a ajudar.

Nos instalamos no hotel San Luis por 400 pesos o quarto duplo, tipo R$110,00. Bom hotel, bem localizado, com garagem e café da manhã honesto pros padrões 'hermanos'. Depois do merecido banho fomos a uma Parrillera indicada pelo camarada da Versis, onde tiramos a barriga da miséria com uma parrilla caprichada, que veio com carnes grelhadas de frango, costela de boi, porco, linguiça, chouriço (igual o nosso mesmo, com sangue dentro) e uma tripa frita sem recheio.    

   
Nosso hotel na gelada cidade de Los Vilos

Subida ao Paso de los Libertadores, já com bela vegetação e a cordilheira e seus picos nevados ao fundo 

Parada no último posto antes da aduana 


É só entrar na Argentina e reaparecem essas placas... (eles não largam o osso!) 

Marcinho perto da entrada da aduana 

Descida na região do Aconcágua 



Fila no Paso de los Libertadores

Na saída da aduana aguardando o Marcinho se entender com os guardas chilenos...rs 

Plantações de uva na região de Mendoza/ARG

Parrillada típica da Argentina em San Luis. Nós quatro - mesmo famintos - não conseguimos dar cabo da quantidade de carne que veio à mesa por meros 200 pesos (R$60,00). Já a cerveja custava perto de R$15,00 a garrafa... 

Nosso hotel em San Luis, Capital da província de mesmo nome 

Não é mentira: o flanelinha argentino na porta do restaurante com a camisa do 'timão'... É o 'curintia' exportando mão de obra (des)qualificada até pro 3º mundo! kkkkk  

Autos - ou 'coches' - argentinos em perfeito estado de conservação... 

2 comentários:

  1. Legal! Adorei as fotos e os textos... delícia de passeio!!

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  2. haaaaaaaahahahahhaha
    eu ri alto aqui com a história do Marcio Giro na aduana chilena querendo sair.. depois o cara de pau ainda aparece e fala: blz.. já resolvi tudo!!

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