segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Quarto dia (28/12): Corrientes/ARG X Purmamarca/ARG (932,5km)

A primeira garfada a gente nunca esquece.

Saímos do hotel em Corrientes (Hotel del Parque, 280 pesos o quarto duplo sem café), capital da província de mesmo nome, perto das 9h. Calor. Por uma avenida com marginais ao lado ('coletoras' como aqui as chamam) seguimos para Resistência, cidade vizinha já na província do Chaco (só cruzar a ponte sobre o Rio Paraná).

Tranquilos pela pista central da tal avenida, ao chegar na cabeça da ponte fomos parados pelos 'buenos hermanos' de la Policia Caminera, que nos informaram que motos não podiam circular por aquela via, mas só pela marginal. Bom, nenhum de nós viu placa indicando isso... O PM argentino chamou (só um de nós, impôs) para dentro da guarita e disse que tinha que fazer uma multa para cada, no valor de 701 pesos (algo perto de R$250,00) ou 1402 pesos caso fossemos reincidentes. Pior que para pagar teríamos que voltar ao centro da cidade e ir a uma espécie de juizado especial para nos explicar.

Refuguei. Mais de R$1.000,00 para nós 4 e ainda perder meio dia de viagem? Perguntei se não dava para dar só uma advertência, ou coisa parecida, já que éramos estrangeiros e não tínhamos visto a placa (se é que ela existe)... Nessa hora passou uma motoca - tipo uma CG velha e sem placa - pelo mesmo lugar que estávamos!

"Mas por que ele pode?", indaguei.
"Ah, é que ele veio por outro caminho...", respondeu meio sem jeito o caminero...

Que dureza. Nunca havia pagado propina pra ninguém, mas quando ele falou isso vi que ali era inevitável. Veladamente inquiri: "Como fazemos para resolver isso aqui?" Ai ele perguntou minha profissão, etc., e disse que por ter ido com nossa cara receberia ali mesmo uma multa só, para todos os 4. Refuguei de novo. Falei que tinha apenas 400 pesos (e de fato na carteira só tinha isso) e o 'seu guarda', sem estresse, disse que tudo bem.

Saímos da 'blitz' amigões do guarda, que deu tchau, desejou boa viagem, e até parou o trânsito da via para podermos arrancar.   

Mas, explicada nossa contribuição (in)voluntária para a Policia Caminera, voltemos à viagem: imagine o dia mais quente do ano. Meio dia. Você no asfalto durante 8 horas sentado numa cadeira (daquelas pretas, cobertas de plástico ou napa) com ambos os braços esticados para frente e 12 secadores de cabelo ligados no máximo apontando para seu corpo. Não se esqueça de estar usando todas suas roupas de frio: jaquetas de couro, botas, luvas e até uma 'touca ninja'. Também uma máscara de mergulho. Assim você vai ter uma pequena ideia do que é atravessar os mais de 700km a Ruta 16 pelo Chaco argentino de moto em pleno verão. 

Digo pequena pois nessa simulação não estão inclusos os milhares de insetos e dezenas de pássaros atropelados, além dos burros (inclusive de 4 patas), cachorros, leitões, cabras e etc. que cruzam a estrada toda hora.

Sério: sair de Corrientes sob um calor úmido escaldante e chegar a Ruta 09 (antes de Salta) não é moleza. 43 graus marcados na moto era normal, e abrir a viseira nem pensar: o ar queimava. Foi assim quase o dia todo. Parávamos no máximo a cada 150km para hidratar, as vezes menos de 100km. Pelo nome das cidades dá pra sentir o drama: Pampa del Infierno, Monte Quemado, Rio Muerto...rs. Até um certo ponto só o que se via por lá eram milhares de borboletas (andamos mais de 100km atropelando-as...hehehe), mas quando o calor apertou mesmo, nem as borboletas suicidas aguentaram o rojão.

No mais o dia foi bom, cumprimos o roteiro e chegamos em Purmamarca, na província de Jujuy, norte da Argentina; uma charmosa cidadezinha do Tipo São Thomé das Letras/MG. As casas são de pedra ou de adobe (tipo um tijolo coberto de barro), as ruas de terra... Nos restaurantes música e comida típica, além de gente do mundo todo. Jantamos com franceses, noruegueses, dinamarqueses, argentinos de todo canto e, é claro, outros brasileiros. Carne de lhama e de coelho foram nossos pratos. Bão...

43 graus no chaco argentino

Ilo no fim da Ruta 16, com a cordilheira ao fundo

Ruta 16

'Pampa de las borboletas suicidas' rsrs

Ilo marcando terreno com o adesivo dos Navegantes

Frescuragem no deserto...kkkkk

Dizimando a fauna argentina

Parada estratégica para esfriar a cabeça

Isso atrás de mim é um rio...

Música jujeña em Purmamarca

Bife de lhama com batata e um milho branco...

Restaurante Tierra de Colores em Purmamarca

Perna de coelho com um viradão de miúdos do mesmo bicho

4 pratos, cerveja, água... 425 pesos. Tipo 150 reais

Permitidos dentro do restaurante. Tinha uns 3 ou 4


sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Terceiro dia (27/12): Campo Mourão/PR X Corrientes/ARG (950,6km)

Outra vez no cronograma, mas desta feita o dia foi duro.

Acordamos tarde, saímos 8:30. Dormimos mal depois da tal asinha recheada, Marcinho disse que elas 'bateram' a noite toda no estômago dele...rsrs. Chegamos em Corrientes 21h, em que pese ainda ter um resquício de luz do dia.

Encontramos o Serginho de bermudão, chinelo, no ar condicionado do quarto. Até na piscina do hotel já tinha ido... E nós ali, suando em bicas...rs

Por falar em hotel, ele tá mais prum motel de quinta na beira de estrada, com chalezinhos (?) separados e perna de barata de brinde no quarto (280 pesos por quarto duplo, algo em torno de R$100,00)... Tem até um buracão esquisito no teto do banheiro. hehehe. Não animamos sair, rolou pizza e cerveja quilmes no quarto. O Marcinho foi de carro com o cara do hotel buscar... Disse que não entendeu nada que o cara falava, só respondia si, si, si....kkkkkkkk  

Voltando à viagem: se amanhã passaremos pelo chaco argentino onde tem o famigerado Pampa del Infierno, cujas temperaturas são brutais, hoje fizemos o estágio nas 'Misiones del Purgatorio'...rs. Você nem sua, muito menos vai ao banheiro mesmo depois de beber litros d'água. Conselho: leve água na moto. A toda parada vale bebericar um cadinho.

Gasolina: A tal nafta é boa mesmo. A moto até aumentou o km/l. Diferente da nossa 'gasoálcool'. Já os preços argentinos... Pagamos R$0,27 no peso em Foz, mas quando você chega no território hermano tudo custa 3x mais que no Brasil... Não adianta nada. Uma água mineral custa até 9 pesos. Gasolina, 10 pesos o litro. E está falta na maioria dos postos.

Retões argentinos. Ventos laterais fortes...

Fila enorme na aduana Brasil X Argentina

Novíssimo auto argentino

Máquina de água quente 'gratuita' para o mate nosso de cada dia...rs

Buracão no teto do banheiro do hotel

Serginho folgadão no hotel

Pizza e cerva no quarto do hotel


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Segundo dia (26/12): Varginha/MG X Campo Mourão/PR (922,9km)


Dentro do cronograma.

Apesar do percalço de ontem (Miltão e sua moto chegaram bem em casa, ambos no reboque do seguro, a 1h35min da madrugada de hoje) chegamos em Campo Mourão, no Paraná, conforme planejado. Nos hospedamos no Campo Palace Hotel, central, R$150,00 o quarto triplo (bom, espaçoso, com ar e garagem fechada). O individual era R$90,00.

Passamos por Poços de Caldas/MG, Águas do Prata/SP, Jaú/SP, Pirassununga/SP (cuidado com esse trecho pois tem 80km sem posto), Ourinhos/SP, Londrina/PR e Maringá/PR.

Dia de sol e muito calor no Paraná (até 38 graus marcados na moto), e apenas uma pancada de chuva no fim da tarde, da qual escapamos parando uns minutos. Podíamos ter rendido mais não fosse uma malfadada parada no GRAAL perto de Ourinhos/SP na hora do almoço. Lotado! Fila para abastecer, para o banheiro, pro almoço, pra água, pra pagar... 1h20min de estrada perdidos. Como diria nosso amigo Serginho Freitas, "isso de parar para comer é que atrasa a viagem...". Melhor parar em qualquer canto, assuntar com o frentista, comer qualquer trem, e em 30 minutos voltar pra pista. Afinal, quer conforto? Vai de avião ou carro, com o ar ligado e beatles no MP3...
       
Mas falando em pista, dá até uma 'pontada' de inveja das paulistas. Quase todas impecáveis, duplicadas, e, para melhorar, moto não paga pedágio na maioria das estradas que passamos! (exceção BR 381).
Quanta diferença da BR 101 que corta o ES: pista simples, esburacada, perigosa... E já estão sendo construídas as cabines de pedágio... (na risível 101 no norte do RJ o famigerado já é cobrado).

Porém, depois da divisa SP/PR as boas vindas foi por meio de um pedágio de R$6,60. O segundo de R$7,10 e outros dois ou três de R$3,30.

Perto da divisa MG/SP


Não disse que levar bagagem em viagem de moto é uma arte? (moto do Marcinho)


Por do sol as 20h30min em Campo Mourão


Jantamos asinha de frango invertida, com recheio de farofa, no 'Bom Bar' perto do hotel




Marcinho com cara de sono em sua camisa da BMW: Bebo Muito Whisky.


Pedágio 'grátis' em SP. As motos tem um 'cantinho' próprio.

Primeiro dia (25/12): Cachoeiro de Itapemirim/ES X Varginha/MG (672,9km): O susto

Ao contrário do 'normal', acordamos tranquilos, tomamos café com a família (afinal, era natal...) e seguimos para o posto de gasolina onde nos encontramos. Após a tradicional resenha e oração, saímos de Cachoeiro exatamente as 10h.




Los tres amigos!



Tudo seguia bem, até São João Del Rei/MG. Viagem adiantada e tudo.
Eu até já desconfiava que São Pedro é motociclista. Depois de semanas de chuva intensa, saímos do ES sob um céu de brigadeiro; e em MG quando o clima esquentava vinha só aquela chuvinha fina e rápida, refrescante.
Porém, próximo de S. J. del Rei veio aquele pancadão de chuva. Paramos para por as capas e 5km depois asfalto seco de novo! Como o céu permanecia escuro, mantivemos as capas. Não deu outra: poucos km a frente nova chuvarada e logo na primeira curva de pista molhada, mesmo tendo diminuído consideravelmente a velocidade, eu que puxava a fila quase fui pro chão numa mancha de óleo em uma curva leve. 
Pensei: quer vir atrás terá problemas se frear. Não deu outra, Milton que vinha na VStrom 1000 perdeu a frente e saiu 'lixando' na pista. Marcinho também 'sambou' mas segurou a moto.
Pro Miltão a viagem acabou ali. Felizmente ele não se machucou mas a moto e equipamentos não tinham condições de seguir.
  

Mancha de óleo no local do acidente


Além da capa, jaqueta e protetor de costas foram danificados.



Passado o susto e depois que o seguro foi acionado, chateados nos despedimos de nosso amigo e seguimos viagem. Chegamos atrasados no encontro com o Ilo, que já nos esperava na BR-381 próximo a Lavras/MG. 


Pernoitamos em Varginha/MG, no Hotel Globo (R$50,00 o quarto individual, simples, sem ar ou frigobar mas com garagem fechada), perto de onde pudemos conhecer a famosa nave espacial e seu ilustre ocupante que dão fama à cidade sul mineira. 



segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

As tralhas

É muita coisa para pouco espaço... Além das roupas (para frio, calor, capa de chuva, etc.) e dos apetrechos normais de viagem, seguem: lanterna, reparos para pneu, câmeras fotográficas, adaptadores, ferramentas, tanque reserva, mapas e guias, GPS, manuais, luvas reserva, balaclava, esticadores, etc... Até um pequeno varal para pendurar roupa molhada no hotel tá valendo.
  
Ao final da viagem pretendo deixar aqui uma lista do que foi de fato necessário e também do supérfluo.    

Nesse ponto, viagem longa de moto é uma arte!

Será que cabe (ainda faltam umas coisinhas...)?




quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O caminho

Abaixo o nosso trajeto a partir de Foz do Iguaçu e retornando para a mesma cidade (www.ruta0.com), e o trajeto do Rally Dakar 2014.   



terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Quem somos

Marcinho com sua DL650 em viagem para o Salão Duas Rodas em SP, depois, Ilo e Serginho a caminho de Tiradentes/MG e por último eu e Ilo em recente passeio pelas serras Capixabas.




segunda-feira, 9 de dezembro de 2013


Eu e o Waldeir (doravante denominado Ilo...rs), exatamente na saída e na chegada de viagem para Ponta Porã e Bonito/MS em dezembro de 2011



O início

Nosso blog pretende, dentre outros, estreitar a distância com nossas famílias durante os dias de estrada e - humildemente - servir de auxílio para outros motociclistas que, como nós, 'encaram' pela primeira vez uma viagem motociclística internacional de aproximadamente 10 mil quilômetros.

Somos vários amigos apaixonados por motos e viagens, e apesar da 'turma' extensa, desta feita apenas 04 puderam se comprometer com essa viagem/aventura que além de desgastante, sabemos ser dispendiosa tanto em termos financeiros quanto no prazo necessário à sua conclusão.

Então, partiremos dia 25/12/2013 rumo a San Pedro de Atacama, no Chile, com retorno via Oceano Pacífico: de Cachoeiro de Itapemirim/ES eu (Rodrigo, BMW R1200GS) e Marcinho (Suzuki VStrom 650); de Itaúna/MG Waldeir (BMW R1200GS) e de Santo Ângelo/RS o Serginho (Suzuki VStrom 1000).

Como o grupo não sairá das mesmas cidades, eu e Marcinho nos encontraremos com o Waldeir em algum lugar do sul de Minas e com o Serginho já na Argentina, possivelmente em Corrientes ou Resistência.

Só pra aclarar, o Waldeir - ou Ilo - é meu tio e do Serginho, daí o nome 'buscapé', como carinhosamente nos referimos a nossa numerosa família. E como o Marcinho já é mais que de casa, é uma honra tê-lo incluído no 'clã buscapé' para essa aventura.

No trecho até Foz do Iguaçu (ou Posadas) nos acompanhará outro grande amigo, o Miltão, com sua VStrom 1000. Infelizmente ele não poderá seguir toda a viagem. Ano que vem ele vai...

Nossa ideia é sair do Brasil por Foz do Iguaçu/PR, seguir sentido norte pelo Chaco Argentino e atravessar para o Chile via Paso de Jama. Após alguns dias 'descansando' em San Pedro de Atacama (inclusive reveillon no deserto!), rumaremos para conhecer o Pacífico, costeando-o rumo sul, de Antofagasta até Los Andes, onde novamente entraremos na Argentina pelos famosos Caracoles. Outra vez em solo 'hermano', passaremos por Mendoza, Rosario (ou Santa Fe), Posadas e novamente Foz do Iguaçu.

'Se bobear', na volta até podemos nos deparar com o Rally Dakar, que esse ano sairá de Rosario/ARG dia 05/01.

Bem, essa é a programação a ser cumprida em aproximadamente 15 dias, com retorno previsto até dia 08/01/2014. Se vai sair tudo no prazo e nos conformes, só seguindo o blog pra saber...