Acordamos tarde,
depois das 8h. Tralhas nas motos, despedimo-nos de nossa anfitriã Lidia (dona
do Hostel Rincón San Pedrino) e fomos fazer as últimas compras na Rua Caracoles
e cambiar mais pesos chilenos, pois, como dito, fomos surpreendidos pelo valor
de tudo tanto na Argentina quanto no Chile. Aproveitamos também para abastecer
as motos pela primeira vez em solo chileno, no único posto em San Pedro de
Atacama. Não adianta pedir gasolina: na Argentina nafta, aqui benzina (quase
R$5,00 o litro).
Ao sair de San Pedro
rumo ao Oceano Pacífico (passando no entorno das cidades de Calama e Antofagasta) imaginei que iniciaríamos
grande descida, já que estávamos a 2400 m do nível do mar. Ledo engano. De San
Pedro subimos ainda 1000m para depois começar a descer, avistando a entrada de
várias grandes mineradoras que movimentam o deserto, gerando trabalho e (muita)
renda - embora para poucos - nessa parte inóspita do Chile.
Também destacam-se os
campos de captação de energia eólica com seus enormes 'cataventos' (dezenas ou
centenas deles...), locais ótimos de se apreciar mas péssimos para pilotar em
vista do incansável vento lateral que 'chacoalha' a moto e nos obriga a ficar
100% alertas, principalmente nas ultrapassagens ou cruzamentos com caminhões.
Pilotar pela famosa Rota
5 chilena, também conhecida como Panamericana, é de início interessante e
desafiador, mas depois vai ficando monótono... A paisagem desértica é muito
parecida e não há quase nada para se ver no caminho, a não ser que você resolva
entrar para conhecer as cidades portuárias como Antofagasta e Taltal, nada
turísticas diga-se de passagem...
No trecho de San Pedro a Chañaral (cerca de
700 km) praticamente não há cidades e até os postos de gasolina são escassos -
chegando a 200 km entre um e outro - e não se avista o oceano pacífico
trafegando pela Rota 5. A única atração é a famosa 'Mano del Desierto', cerca
de 70 km depois da entrada de Antofagasta. Qual motociclista não sonha em tirar
uma foto ao lado 'do gigante subjugado pela força do deserto', do qual restou
visível apenas parte de sua mão? Realmente a obra do escultor chileno Mario
Irarrázabal, inaugurada em 1992, é parada obrigatória para todos os turistas
que ali passam. Para se ter ideia, lá esbarramos num grupo de jovens da Sibéria
que viajavam de carro pela América do Sul.
Fotos sacadas,
seguimos para Chañaral, onde pretendíamos pernoitar. Pouco antes da cidade tivemos
a primeira visão do Oceano Pacífico, contrastando com o deserto que termina em
suas pedregosas praias. Muito diferente do Atlântico. De um azul escuro, suas
águas findam em praias praticamente desertas, maioria das vezes cobertas de
pedras escuras ao invés de areia. No primeiro posto da cidade o frentista,
solícito, nos aconselhou andar mais cerca 100km até a cidade de Caldera, onde
fica o balneário Bahia Inglesa, ali sim zona turística movimentada, segura e bela.
Seguimos o conselho e nos demos bem.
A Bahia Inglesa é de
fato deslumbrante. Chegamos lá perto de 18h, horário local. Turistas por todo
lado, praia de água azul e límpida com areia branca salpicada de pontinhos pretos
com pelicanos, gaivotas e outras aves sobrevoando. Ficamos no hotel Coral da
Bahia, uma facada: 65.000 pesos, tipo R$325,00 pelo quarto duplo. O hotel mais
caro de toda viagem, mas, afinal, estávamos numa espécie de 'Búzios' Chilena e
não havia muita opção...
O hotel apesar de
simples é muito bem localizado, na beira da praia, e tem um restaurante ótimo.
Jantamos frutos do mar (destaque para as ostras gigantes ao molho de gorgonzola)
e tomamos cerveja local, sempre muito bem atendidos. Curioso é que o movimento turístico
do dia some à noite: depois das 22h nem os bares e restaurantes à beira mar permanecem
abertos. Janeirão nas praias do Brasil? 22h o povo ainda nem saiu de casa...
Devido a beleza do
local resolvemos aproveitar e 'pegar uma praia' na manhã do dia seguinte, que amanheceu nublado. Nenhum de nós animou enfiar mais do que os pés nas geladas
águas do Pacífico.
Reconhecemos o local, demos uma relaxada e perto do meio dia
arrumamos as motos e partimos.
Serginho nas retas quase infinitas da Rota 5 Chilena, com os 'cataventos' ao fundo
Santiago a mais de 1300km. Só os últimos 500km da Rota 5 até a capital são de pista duplicada
Mar de um lado, deserto do outro.
Los 4 amigos en La Mano del Desierto
Espírito Santo na área!
Primeiro por do sol de 2014... Bahia Inglesa, Caldera, Chile
Frutos do mar de 1a qualidade
Chañaral
Zona de tsunamis...
1a visão do Oceano Pacífico
Marcinho com sua vasta cabeleira esvoaçante
Pelicanos
Relaxando no hotel Coral da Bahia
Marcinho catando água do Pacífico pra jogar no Atlântico...rs
Pelicanos cagões. A parte branca é merda deles mesmo...rs
O Pacífico reclamou oferenda: o outro pé das havaianas do Ilo foi pro fundo... "Cadê meu chinelo???"
Estacionamento do hotel na Bahia Inglesa
Bahia Inglesa
Eu e Ilo marcando presença com a Bandeira do tri campeão brasileiro na Mão do Deserto
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