quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Décimo terceiro dia (06/01): Paso de La Patria/ARG X Foz do Iguaçu/BRA (601,6 km)

Tanto não estávamos em um hotel que os donos do restaurante pediram para pagar a conta e a hospedagem ontem a noite, pois quando saíssemos de manhã não haveria ninguém lá (era segunda feira e eles iriam fazer as compras da semana em Corrientes). Deixaram tudo aberto. Motociclistas inspiram confiança total! rs

Marcinho deu mais uma 'ajeitada de efeito psicológico' na corrente da DL e saímos de Paso de La Patria quase 9h, com a cidade ainda meio paradona, bem diferente da noite anterior e mais ainda das nossas praias que no verão já estão movimentadas as 7h. 

Seguimos para a Província de Misiones, aquele pedaço da Argentina espremido entre o sul do Brasil e do Paraguai (que inclusive já foi território paraguaio), famosa pelas ruínas das missões jesuíticas na época da colonização espanhola.  
  
O Brasil estava perto e eu não via a hora de chegar em terras tupiniquins, achar um caixa eletrônico, sacar uma grana e não ter mais que me preocupar até com preço do gatorade nas paradas...rsrs. É sério, os pesos eram a conta da gasolina até Foz e em Misiones, na ida, nenhum posto havia aceitado tarjeta de credito, além de ser o único lugar que passamos onde a falta de combustível era uma realidade. Se tem fila no posto, pode parar por que na região só ali tem nafta.

Na falta de plata para comer direito - antes o Marcinho era o mais esbanjador, toda parada eram empanadas, alfajores, capuccinos, picolés; agora só uma aguinha e olhe lá...rs - estávamos detonando o que restava das barras de cereal que trouxéramos do Brasil...rsrs

Já no segundo e último abastecimento antes da fronteira enfrentamos uma fila enorme, sob um sol escaldante. Bacana ali foi que conhecemos um casal de motociclistas venezuelanos, Adalsy e Daniel, que com a sua yamaha haviam atravessado todo o Brasil (da Amazônia ao Paraná) e na Argentina iriam acompanhar o Dakar até o Chile e Bolívia, regressando a Venezuela através do Peru, Equador e Colômbia. Pra mais de 15 mil km nas minhas contas... Tá vendo? Tem gente mais animada que nós!

Curioso foi que na conversa os alertei que na Argentina era muito ruim a aceitação de cartão de crédito (principalmente os com chip) e isso nos causara transtornos. Eles responderam que para eles isso não era problema pois nem tinham cartão de crédito... A Venezuela não permite transações internacionais desse tipo. Disseram também que não traziam celulares e que nem sabiam mexer com e-mail... Adalsy me pediu então para mandar um e-mail para a filha dela na Venezuela, informando que tudo estava bem com eles e mandando meus contatos para futura conversa.  

Mais uma vez ficou claro o companheirismo que só a motocicleta gera: além do e-mail pra filha (que já mandei mas não tive retorno), nos deixaram telefone e foram insistentes em convidar para uma visita a Venezuela, onde Daniel prometeu nos hospedar e ser nosso guia pelas florestas do país ("Até onde der pra ir de moto, pois nossas estradas são muito ruins... Dali pra frente vamos de 4X4 pois além de motociclista sou jipeiro e picapeiro também"). Deu inclusive a dica que uma vez lá devemos trocar dólar no câmbio negro, que paga 10 vezes mais que o oficial. Nessa hora Hugo Chavez deu uma revirada no túmulo...rsrs 

Claro que a recíproca foi verdadeira, também os convidei ao Espírito Santo (e não duvido que venham um dia...). Despedimos dos novos amigos e tocamos sentido Foz do Iguaçu, nossa próxima parada. Nas imediações de Puerto Iguazu - a 'Foz do lado argentino' - a paisagem muda de novo ao cruzarmos o Parque Nacional Iguazu, com floresta densa dos dois lados da pista e muitas placas pedindo cuidado pois ali atravessam animais selvagens. 

Na aduana Argentina X Brasil tudo tranquilo. Fila pouca, burocracia quase zero para nós 'locais'. No caminho inverso nem tanto... A brasileirada que visita Foz além de conhecer o lado argentino das cataratas aproveita a zona franca 'hermana' para comprar - legalmente - umas bebidinhas no Shopping Iguazu... Red Label a 12 dólares? Bão...

Chegamos em Foz lá pelas 16h e fomos direto procurar a concessionária Suzuki (a relação da DL650 capengava depois de quase 1400km estalando...) que por coincidência é de um cachoeirense radicado há tempos por lá. Muito bem recomendados através de prévio contato do Marquinhos - grande amigo e mecânico de confiança em Cachoeiro - que conhece tanto o dono quanto o gerente da Daytona Motos, lá fomos muitíssimo bem recebidos, mesmo não estando presente nenhum dos dois conterrâneos.

A Daytona Motos é autorizada Suzuki mas a oficina é multimarcas, assim até as BMW ficaram por lá já que a do Ilo tinha acabado de acender a luz de óleo no painel. Na VStrom teriam que trocar a relação toda, e a entrega foi prometida para as 14h do dia seguinte.

Nos indicaram - e até nos ajudaram com as malas - um hotel no mesmo quarteirão da oficina, o Ilha de Capri, que por R$230,00 nos instalou num bom quarto triplo: com ar, TV, frigobar, banheiro amplo. Tem até salão de jogos e piscina!..rs (regalias ausentes em todos hotéis que ficamos).     

Calor infernal, enquanto o Ilo dava uma relaxada eu e Marcinho fomos tomar um terere e cair na piscina.

Mesmo de longe, quando dava mantínhamos contato com o Serginho pelo WhatsApp, e ele nos recomendou em Foz a churrascaria e casa de shows Rafain. Fizemos reservas no próprio hotel e por R$85,00 comemos como padres, além de assistir a shows regionais de vários países latinos, com ênfase, claro, naqueles que ali formam a tríplice fronteira.

Depois de várias saideiras fomos praticamente os últimos a sair da churrascaria. Pegamos um taxi de volta ao hotel e dormimos logo pois dia seguinte o batidão era pesado: tentar acompanhar o muambeiro do Marcinho no quarto país que - dessa vez a pé - visitaríamos na viagem: Paraguai!      
    

Marcinho ainda as voltas com a relação da VStrom. Ela aguentaria mais 600km até Foz?


  Restaurante e hospedagem improvisada em Paso de La Patria/ARG. 'Nossa' habitación foi a da primeira janela da esquerda para direita 

Fila gigante na única estación de servicio que tinha nafta perto da divisa das Províncias de Corrientes e Misiones 

Daniel e Adalsy: 15 mil km pela América do Sul... E sin tarjeta! rs 

Minha GS ao lado da yamaha dos amigos Venezuelanos 

Cruzando o Parque Nacional Iguazu

Divisa Argentina X Brasil. Até que enfim! 

    Mesmo sendo daqueles 'pra gringo ver', os shows são bem bacanas

Ilo e Marcinho participando do show! rsrs 

Adesivo do motoclube de amigos cachoeirenses no hotel em Foz 

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